terça-feira, 14 de junho de 2011

002- ADERBAL DE FIGUEIREDO

          

 
                     ADERBAL FIGUEIREDO

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Nasceu na Vila de Aquidabã, em 18 de dezembro de 1898, sendo seus pais Francisco de Figueiredo e Clara Angelina de Figueiredo.
Fez o curso primário em sua cidade natal, completando os estudos em Aracaju, onde frequentou o Ateneu Sergipense, o Colégio Salesiano e o Grêmio Escolar (antigo estabelecimento de ensino dirigido pelo Desembargador Evangelino de Faro).
Em 1915, mudou-se para Salvador, matriculando-se, dois anos depois, na Faculdade de Medicina da Bahia.
Na Bahia cursou os dois primeiros anos do curso médico. Depois, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde completou seu tirocínio acadêmico.
Como estudante de medicina, foi interno do Hospital São João Batista e da Assistência Pública de Niteroi e, logo depois, auxiliar acadêmico da Assistência Pública do Distrito Federal, interno do Hospital Central da Marinha, do Hospital Pró-Matre, e monitor da 2ª enfermaria do Hospital da Santa Casa.
Formou-se em medicina no ano de 1922, defendendo tese  sobre “Estudo Clínco da Insuficiência Pulmonar”.
Imediatamente após a formatura, assumiu o cargo sub-inspetor sanitário rural, na Comissão de Saneamento e Profilaxia Rural de Sergipe.
Exerceu a direção do Posto Oswaldo Cruz, em Propriá, até agosto de 1923.
Transferido para o Rio Grande do Norte, assumiu a direção do Posto de Saneamento de Caicó.
Homem culto e médico competente, colaborou com a imprensa de Sergipe e do Rio Grande do Norte, publicando vários artigos, tanto no “Diário da Manhã” de Aracaju, quanto no “Seridoense”, de Caicó.
Faleceu em 1953, na cidade de Natal, aos 55 anos de idade.

FONTE BIBLIOGRÁFICA: Guaraná, Armindo – Dicionário Biobibliográfico de Sergipe. Rio, 1926.

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DR. ADERBAL DE FIGUEIREDO
Autor: ITALO SUASSUNA, Membro  Emérito da Academia de Medicina do Rio Grande do Norte.

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               “Um médico por vocação” foi o que disse de Aderbal de Figueiredo, o Prof. Onofre Lopes. Este, fundador e primeiro reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, trabalhara como assistente em serviço cirúrgico dirigido pelo primeiro. Aquele comentário passou a ser repetido com freqüência por muitos daqueles que comentaram e homenagearam a estatura médico-profissional de Aderbal de Figueiredo e lamentaram o seu desaparecimento precoce, aos 55 anos de idade na Cidade do Natal, onde transcorreu a maior parte de sua vida dedicada à medicina.
               É remota a minha lembrança do Dr. Aderbal, do seu tipo físico e sua fisionomia. Eu tinha apenas treze anos quando ele a falecer, mas eu já fora condicionado a lhe prestar homenagem na figura do médico da família. Primogênito em minha casa, tive o privilégio de o ter como padrinho de batismo e, a partir daí, a cultuar a sua memória, até chegar, eu mesmo, à decisão de ingressar numa faculdade de medicina. No dicionário Aurélio dá-se como exemplar o que serve ou pode servir de modelo, e ilustra-se a significação do vocábulo, com uma sentença de Clementino Fraga Filho a respeito de Luiz Feijó. Não obstante esses dois médicos eminentes terem sido meus professores, foi Aderbal de Figueiredo o primeiro médico exemplar que conheci e me foi apontado.
               Constata-se hoje que a memória de Aderbal de Figueiredo conserva-se, entre outras situações, no Memorial do Rio Grande do Norte, inaugurado em 2002 (Av. Rio Branco, 388, Natal, RN) empreendimento meritório do Dr. Olimpio Maciel, e onde se encontra acervo de suas lembranças.
               Contudo, Aderbal de Figueiredo não era natural Rio Grande do Norte. Foi este o seu estado de adoção, aquele que ele escolheu, e que o acolheu retribuindo-lhe o amor. Figueiredo nascera em Sergipe, na cidade de Aquidabã, a 18 de dezembro de 1889, onde fez seus estudos fundamentais no Colégio Salesiano e no Atheneu Sergipano. Em 1917, com 28 anos, portanto, ingressou no tradicional urso de medicina em Salvador, Bahia, transferindo-se no terceiro ano para o Rio de Janeiro, onde colou grau em 1922. É oportuno lembrar que apenas dois anos antes (1920) a faculdade de Medicina do Rio de Janeiro passara a integrar, junto com a Escola Polytechnica [sic] e a Faculdade de Direito, a primeira universidade instituída no Brasil a Universidade do Rio de Janeiro que, em 1937, veio a denominar-se Universidade do Brasil, já então constituída por treze unidades do ensino superior.
               Aderbal foi estudante pobre e precisou trabalhar durante o curso médico. Ao transferir-se para o Rio de Janeiro, em 1920, foi interno do Hospital São João Batista e da Assistência Pública em Niterói. No ano seguinte obteve por concurso a colocação de auxiliar acadêmico da Assistência Pública de então Distrito Federal e, outra vez por concurso no qual obteve o primeiro lugar, passou a interno do Hospital Central da Marinha. No ano em que se formou cumpria o internato com o Prof. Rocha Faria, sendo monitor na 2ª Enfermaria no Hospital da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Aloysio de Castro era então o Diretor da Faculdade de Medicina.
               Já radicado no Rio Grande do Norte, no dia em que completou 35 anos de idade (18/12/1924) Aderbal de Figueiredo recebeu como esposa aquela que, daí, passou a assinar-se Dulce Meira e Sá de Figueiredo, de ilustre família potiguar, dedicada a ele em vida, e à sua memória, após o seu precoce falecimento, e que lhe sobreviveu por muitos anos.
               Segundo informação dessa amantíssima esposa, logo após formado “precisando trabalhar” o Dr. Aderbal ingressou no Serviço de Saneamento e Profilaxia Rural, sendo designado para Propriá, em Sergipe e, dois meses depois, incubido de fundar e dirigir um posto na cidade de Caicó, já no R. G. do Norte. Além de sua porta de entrada no estado potiguar, Caicó representou uma baliza nas suas preocupações profissionais, abrindo de sua formação cirúrgica urbana para a consideração dos problemas higiênicos e aspectos sociais da medicina. Passou a colaborador do jornal local “Seridoense” assinando crônicas que tinham por títulos “Propaganda Sanitária” e “Pontos de Vista”. Tornou a cidade de Caicó pioneira na adoção das fossas sanitárias. Elaborou trabalho sobre a freqüência de teníases. Quando o posto de profilaxia rural foi extinto para a transferência dos seus serviços a outra área, desligou-se dessas atividades para dedicar-se à clínica privada, amparada na confiança que granjeara junto à população de Caicó. Impulsionava-o um sonho: a construção do hospital regional. E foi assim que , com o apoio da sociedade civil e de órgãos oficiais ergue-se em quatro anos o Hospital do Seridó, apontado pela crônica como “iniciativa pioneira na interlândia norte-rio-grandense”. Ainda segundo Dna. Dulce, concluído o hospital, pensou em voltar e fixar residência no Rio de Janeiro, mas em 1929, uma oferta do governo do estado nordestino o levou a aceitar as posições de médico de saúde pública e de medicina legal, com o que veio a residir na capital do Estado. Em Natal, começou a trabalhar no seu único hospital geral existente àquela época: o Hospital de Caridade Juvino Barreto. Este, anos depois, veio a chamar-se Hospital Miguel Couto (o único que conheci em minha infância) e foi posteriormente integrado à Universidade Federal do R. G. do Norte.



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